Afinação Padrão: Porque EADGBE foi escolhido?

Tempo de leitura: 3 min

em 22 de abril de 2021

Traduzido de: https://www.fender.com/articles/tech-talk/standard-tuning-how-eadgbe-came-to-be

Saiba quando e porque a afinação padrão foi escolhida.

By Jeff Owens

Alguma vez na vida, você já se perguntou porque a afinação padrão da guitarra é EADGBE?

A história dessa sequência é interessante, especialmente porque a maioria dos músicos usando instrumentos de cordas, como violino, celo e mandolin, pelos últimos 1.000 anos têm concordado que eles são melhores afinados em quintas. (afinação de todas as quintas significa que o intervalo entre cada corda solta é uma quinta perfeita.)

Guitarras, entretanto, são normalmente afinadas em uma série ascendente perfeita de quartas a uma única terceira maior (B). Para ser exato, de baixo para cima, a afinação padrão da guitarra é EADGBE – três intervalos de quarta (baixo Mi até Lá, Lá para Ré e Ré para Sol), seguido por uma terça maior (Sol para Si), seguido por mais uma quarta (Si para alto Mi).

O motivo? É simulaneamente conveniente musicalmente e fisicamente confortável, uma conclusão que os guitarristas chegaram há algumas centenas de anos. O objetivo era criar uma afinação que facilitasse a transição entre dedilhar acordes simples e tocar escalas comuns, minimizando o movimento da mão no traste.

Foi uma divisão dos instrumentos de corda de quatro ordens (ordens, no sentido em que um par de cordas são tocadas juntas, como a viola caipira) dominantes desde o início do Renascimento (entre o século 15 e 16). A “guitarra battente” de 5 arcos que apareceu inicialmente na Itália nos anos 1500s era afinada em ADGBE, assim como as primeiras 5 cordas da guitarra moderna de 6 cordas.

Afinando a terceira e segunda cordas (Sol e Si) para um intervalo de terça maior faz com que o posicionamento dos dedos seja mais fácil do que continuar uma série de quartas perfeitas, que resultaria em uma segunda corda afinada em Dó e uma primeira corda afinada em Fá. Baixar o que teria sido o Fá alto aberto meio tom para Mi retornou o intervalo entre a primeira e a segunda corda (Si) para uma quarta perfeita.

O fundador e guitarrista da banda Television, e também, proeminente instrutor de música, Richard Lloyd, ressaltou certa vez que enquanto o violino e o cello funcionam muito bem afinados em quintas por conta do tamanho pequeno da escala, o mesmo não se mantém verdade para um instrumento com uma escala comprida, como a guitarra.

“A guitarra é um instrumento de escala comprida que é tocada sentada no colo”, escreveu Lloyd. “Embora o cello seja um instrumento maior que o violino, ele é tocado com o braço na vertical, o que permite às mãos terem um pouco mais de facilidade para alcançar as notas. Com a guitarra apoiada no colo e o pescoço na diagonal em relação ao músico, a dobra no pulso começa a dificultar a abertura dos dedos. Portanto nossa próxima melhor escolha para afinar qualquer instrumento de múltiplas cordas de escala comprida será afinar em quartas, que são um pouco mais próximas. Em uma guitarra, pode-se esperar que uma pessoa com uma mão de tamanho normal toque a terça maior com o dedo mínimo, enquanto mantém pressionada a tônica com o dedo indicador. Portanto, faz sentido que a próxima corda seja a quarta”

Lloyd também apontou, astutamente, que se guitarras de seis cordas fossem afinadas completamente em quartas perfeitas, você acabaria com um arranjo harmonicamente discordante de (grave para agudo) EADGCF. Você pode ver o problema aí – Mi e Fá estão a apenas meio passo de distância, impondo um intervalo naturalmente irritante de uma segunda menor. “Este é um intervalo horrível”, escreveu Lloyd. “E ameaça azedar a coisa toda.”

Felizmente, como a afinação do ADGBE para as cinco primeiras cordas já havia sido adotada no século 16 – antes que uma sexta corda grave afinada em Mi fosse adicionada – esse arranjo de afinação problemático foi evitado. Esse Mi mais grave continuou o arranjo de quartas perfeitas usado para todos os pares de cordas, exceto o intervalo da terça maior adotado para a segunda e a terceira cordas, resultando na afinação padrão da guitarra que permanece até hoje.

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